quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Protetor Solar: modo de usar

Tire suas dúvidas sobre como, quanto e quando o produto deve ser aplicado nas crianças para garantir uma proteção efetiva

protetor solar (Foto: Thinkstock)
Como escolher o protetor certo? Sempre utilize produtos kids, que oferecem só a proteção física, ou que associam o efeito químico. Não é recomendado usar protetores para adultos em crianças, mas os adultos podem usar os protetores infantis sem problema – ainda que eles deem bem mais trabalho para espalhar! Em geral, têm a textura mais grossa.
Ao que devo ficar atento na embalagem? O Fator de Proteção Solar (FPS) deve ser no mínimo 30, segundo a recomendação da Sociedade Brasileira de Dermatologia, independentemente do tom de pele. O produto deve ter registro na Anvisa e a validade deve ser checada. Também é muito importante que os pais observem se o produto protege contra a  radiação UVA.

De quanto em quanto tempo é preciso repassar? 
O certo é reaplicar o protetor a cada 4 horas, se não houver exposição direta ao sol, e a cada 3 horas, se houver. Protetores solares não são à prova d’água. Se o seu filho entrar no mar ou na piscina, é preciso repassar o creme logo em seguida. O mesmo vale se ele transpirar brincando ou praticando alguma atividade física.Como e quanto devo aplicar?
 É recomendado passar o protetor pelo menos 30 minutos antes da exposição solar. Para manter o fator de proteção solar indicado, a quantidade recomendada pelos especialistas é muito maior do que a que normalmente se aplica. Para se ter uma ideia, em um adulto, a quantidade ideal é equivalente a uma colher de chá para o rosto e uma xícara de chá para o corpo.
Há outras maneiras de se proteger? Sim, o uso de protetor solar deve ser combinado com óculos, chapéus, camisetas, todo tipo de barreira física contra o sol. Roupas com fator de proteção solar também funcionam. E para as crianças que não saem do mar ou da piscina, a pasta d’água pode ser uma boa para proteger as áreas mais sensíveis do rosto, já que ela não sai na água.

Como deixar a sua casa sempre organizada e limpa

limpeza; produtos; (Foto: Thinkstock)
Uma casa organizada precisa de uma rotina pré-estabelecida. As consultoras em organização Cristina Tancredi da Fonseca e Maria Bernadete Mininel sugerem um roteiro diário, com as tarefas básicas e indispensáveis, e outro semanal, com faxinas por ambientes da casa. Confira no quadro as sugestões das especialistas e adapte-as de acordo com as particularidades da sua casa.

Volta às aulas: 4 dicas para retomar a rotina escolar sem drama

Criança chateada na escola (Foto: Shutterstock)
1. Uma das maiores dificuldades quando o assunto é rotina é acostumar a criança a mudar seu horário de acordar. Se ela for à escola de manhã, comece a despertá-la em horários próximos aos da aula pelo menos uma semana antes. Aos poucos, ela vai se acostumar. Se for estudar no período vespertino, veja se vai ser preciso alterar o horário do almoço e do banho dela.
2. Nos dois casos acima, uma boa dica é, uma semana antes, seguir os horários que seu filho terá depois de começarem as aulas, como um treinamento mesmo.
3. Leve-o para visitar a escola antes do primeiro dia de aula. Mostre onde vai ser a sala de aula e responda às dúvidas que aparecerem: quem é o professor, o que ele faz, quantos colegas têm na sala, para onde ele tem de ir, onde é o banheiro etc.
4. Estabeleça antes uma rotina para o período em que ele não está na escola: hora das refeições, tempo livre para brincar, o momento da lição de casa, de descansar.
Passado o período de adaptação à nova rotina, tudo entra nos eixos. Mas se as manhãs continuarem sofridas por muito tempo, algo está errado. Investigue os pontos abaixo:
Ele realmente foi dormir no horário certo e teve um sono tranquilo? O recomendado para crianças em idade escolar é cerca de dez horas de sono – e soneca da tarde não entra na conta.
A escola é em período integral e talvez ele não esteja descansando tanto quanto deveria? Entre em contato com a escola e veja os horários de descanso que a criança tem e como ela está dormindo por lá.
Meu filho é uma criança vespertina? Se ele estuda cedo, mas o rendimento é melhor à tarde, matricule neste período, ou vocês vão sofrer todas as manhãs. Procure uma alternativa – e uma solução – em parceria com a escola.

Escolha do berçário: 8 itens para prestar atenção


berçário_escola (Foto: Shutterstock)

Você vai aproveitar a volta às aulas para procurar o berçário para o seu filho? Veja o que observar:
• O ideal é que exista um berçarista para cada três crianças.
• Observe como é o controle de entrada e saída dos funcionários.
• Em qualquer “entradinha rápida” você pode saber o jeito que a equipe trata as crianças.
• Entenda mais sobre as rotinas do bebê, o que faz e se há brinquedos ou livros à mão.
• A agenda da criança com as anotações podem ajudar muito no item acima e mostrar seu desenvolvimento – e até suas preferências.
• Como a área verde e o tempo em contato com o sol é fundamental, veja se isto está acontecendo com frequência.
• Nas casas com escadas, fique de olho nas condições das grades e portões. Observe também como estão os protetores de tomadas, das quinas de móveis etc.
• O estado do bebê e dos itens dele na mala, por exemplo, dão uma boa ideia de como o berçário se preocupa com pontos como higiene.

Adaptação escolar: para ela não ser um sofrimento (para você)

Acompanhar o filho na escola nos primeiros dias será bom para vocês dois, mas é preciso se preparar para a separação

Criança triste no colo da mãe (Foto: Shutterstock)
CONFIANÇA Para que seu filho se sinta bem na escola, você precisa confiar nela também. Quando o seu jeito de pensar é parecido com o do local, a adaptação da criança tende a ser mais tranquila. Tente entender ao máximo o projeto pedagógico adotado para acreditar que eles podem, sim, cuidar da educação do seu filho.
TROCA Conhecer outros pais que estão passando pelo mesmo momento e compartilhar as angústias pode acalmá-la. Pais que têm filhos mais velhos podem contar como passaram por essa fase com sucesso.
DIÁLOGO Converse e esclareça todas as dúvidas com a escola. Entre em detalhes, não deixe nada para se preocupar depois, em casa.
CHORO É comum e seu filho pode repetir a dose por vários dias. Por isso, a sua companhia no início da adaptação é fundamental. Aos poucos, ele vai se sentir seguro e entrar na escola sem dramas.
DESPEDIDA Você vai, gradativamente, ficar menos tempo com seu filho durante as primeiras semanas na escola. Não deixe que ele perceba o seu sofrimento.
PACIÊNCIA As crianças têm ritmos diferentes, lembra-se? Na adaptação escolar é a mesma toada: há algumas que levam dias e outras, meses. E você é quem tem de entender isso, não ela.
CULPA Seja qual for a decisão que levou à matrícula, saiba que é comum demais os pais se sentirem culpados. Trabalhar fora ou se esforçar para a criança aumentar seu ciclo social não é um mal que você está fazendo a ela; observe isso sempre.

Escolha da escola: 10 grandes dúvidas dos pais

Esclareça as suas antes de partir para uma das buscas mais importantes da vida

berçário_escola (Foto: Shutterstock)
1 . Qual é a idade certa para pôr meu filho na escola?
Para preservar a saúde e o sono da criança, o ideal seria ela ingressar na escola entre 1,5 e 2,5 anos. É quando se tornam mais importantes ainda a interação com outras crianças, a diversidade de experiências e as relações sociais. Mas se o pai e a mãe trabalham fora, a antecipação desse prazo pode ser uma opção estudada. A partir disso, a família deve checar as condições mínimas para cuidar de um bebê: ambiente limpo, alimentação bem cuidada, segurança em ordem e profissionais preparados.
2 . Na educação infantil, qual é a proporção ideal de crianças por adulto?
Considerando-se a faixa etária de 1 a 4 anos, o ideal são classes de no máximo 20 crianças, com um professor e dois auxiliares. A partir dos 5 anos, elas já podem ter cerca de 25 alunos e ser conduzidas por um professor e um único auxiliar.
3 . Pelo mês de nascimento do meu filho, ele será o caçula ou o mais velho da turma. É melhor adiantá-lo ou atrasá-lo?
Em geral, é preferível atrasá-lo, para evitar problemas depois. Há crianças que ficam com baixa autoestima (por se exigir mais do que podem oferecer); outras, por conviverem com crianças mais velhas, despertam precocemente o interesse por assuntos com os quais não têm maturidade para lidar (de sexualidade a consumismo desenfreado).
4 . Quais são os principais métodos de ensino? Como escolher o melhor para meu filho?
Há quatro métodos que norteiam as escolas, mas hoje é cada vez mais difícil encontrar uma que siga só um deles. Por isso, para saber qual é a base pedagógica da instituição, a dica é conhecer, perguntar, observar e conversar sempre. Em teoria, no método tradicional, o professor transmite as informações de maneira teórica e o conteúdo é idêntico para todas as crianças. No construtivismo, o aprendizado é construído pelo aluno. Por meio de vivências e experiências, ele chega a conclusões e as compartilha com o orientador. No método montessoriano, as crianças são identificadas pelas habilidades. O professor media as tarefas, que são especialmente motoras e sensoriais. Na Pedagogia Waldorf, o foco não é apenas o conteúdo, mas a formação integral da criança.
5 . Se quero que meu filho fale bem inglês, devo colocá-lo em uma escola bilíngue?
Em geral, esse tipo de escola é mais indicado para famílias que convivem com mais de um idioma. A decisão varia ainda conforme a idade da criança. Os adeptos das bilíngues defendem que quanto mais cedo ela aprender a segunda língua, melhor será o resultado e que, por possibilitar aprendizado espontâneo, a escola é adequada para isso. Mas é preciso avaliar se são transmitidos valores do país em que a criança vive e se isso é prioridade para os pais.
6 . Como deve ser a rotina na escola para as crianças menores?A rotina na educação infantil deve ser lúdica e diversificada. Jogos, histórias, brincadeiras, experiências, momentos livres, entre outras atividades, com foco no desenvolvimento do pensamento lógico e matemático, da comunicação, da expressão (incluindo linguagem oral, artística, escrita e musical) e do corpo, além de permitir conhecimentos sobre a natureza e a sociedade. E o mais importante: que seja previsto na rotina também momentos para a criança escolher o que quer fazer.
7 . Em que idade meu filho deve começar a ler e escrever e qual é o método mais comum de alfabetização? Qual é o papel da família?
Há dois métodos de alfabetização mais comuns. O fônico adota cartilhas próprias para alfabetização e ensina a criança a associar letras e fonemas, para depois formar palavras. O que segue o pensamento construtivista utiliza-se de textos “reais” (livros, músicas, etc.), frases são examinadas e comparadas, até que os futuros leitores façam deduções que os permitam discriminar palavras, sílabas e letras. Algumas escolas mesclam os dois métodos e, também por isso, não há como dizer se um é mais eficiente que o outro, pois o que importa é a preparação e dedicação de quem ensina. Em geral, o processo de aprender a ler e escrever completa-se entre os 5 e 6 anos e a família tem um papel importante: continuar o incentivo à leitura, fazendo da descoberta das palavras um prazer compartilhado.
8 . Quero colocar meu filho em uma escola em período integral, mas estou reticente, pois ele não se alimenta sem a ajuda de um adulto. O que fazer a respeito?
Mesmo que seu filho ainda não coma sozinho, pode ser matriculado em uma escola integral. Muitas crianças pedem a ajuda de um adulto justamente por saber que há alguém disponível para servi-las. Porém, observando outras crianças e sendo incentivadas pelos professores, elas certamente aprenderão a se alimentar por conta própria.
9 . Como deve ser o espaço da escola? Grande e colorido?
Certamente não pode ter a cara de uma casa adaptada. Deve ter espaço para correr e ser “de verdade”: a areia ter cor de areia, a grama ser natural. É importante que se entenda que o espaço físico da escola também é educativo, principalmente aos menores, para os quais tudo é referência. Cada cantinho passa uma mensagem para a criança, seja o banheiro ou a quadra, seja a limpeza ou a altura das prateleiras. Em primeiro lugar, claro, deve ser um local seguro, em que a criança consiga se virar bem sozinha, sem precisar de cuidados o tempo inteiro. Também deve ter uma área iluminada, que permita desde um gostoso banho de sol a uma bela sombra. Livros e brinquedos devem ficar disponíveis, à altura da criança.
10 . Como deve ser o processo de adaptação de alunos novos em uma escola? E se a criança continuar chorando depois?
A adaptação deve ser tranquila, se possível com o aumento gradual do tempo de permanência na escola. Em muitas delas, os pais ficam à vista dos filhos nos primeiros dias e aos poucos vão se distanciando até deixar o ambiente escolar (nesse momento, é importante despedir-se e nunca “fugir” da criança). Um dos pontos-chave para pôr fim à adaptação, que pode levar dias ou semanas, é a criação de um vínculo afetivo da criança com um adulto da escola. Mas se esse dia custar a chegar e o choro persistir, é bom os pais abreviarem as despedidas e mostrarem para os filhos que estão seguros e confiantes em relação à novidade. Em último caso, verifique se o incômodo é decorrente de fatores alheios à escola.
Especialistas consultados: Anna Esther Cunio, psicóloga especializada em terapia infantil; Emanuelle Santiago Dalri, coordenadora pedagógica; Marcelo Cunha Bueno, diretor da Escola Estilo de Aprender; Maria Cecilia M. Botelho, pedagoga

Alfabetização: como os pais podem ajudar os filhos

Os adultos podem ser um estímulo e tanto para a criança se encantar pelo universo da leitura e da escrita

escola_alfabetização (Foto: Shutterstock)
Se método, sistematização e treinamento são do âmbito escolar, o que os pais podem fazer para ajudar os filhos no processo de alfabetização? Muito. O meio em que se vive conta demais. “Uma criança mergulhada em um ambiente onde as situações de leitura são muitas vai ter mais interesse e, provavelmente, alfabetizar-se com mais facilidade”, diz a educadora Maria Betânia Ferreira. O papel da família é esse: oferecer opções e fazer desse momento puro prazer.
Os livros, claro, são um começo inesquecível. Desde os voltados para os bebês, até os com frases maiores e histórias. Mas há disponíveis, também, diversas boas opções que têm o alfabeto e a possibilidade de brincar com as palavras como tema. Isso também é alfabetização, sabia?
Como o professor pode — e deve — ir além das cartilhas e dos livros didáticos, os pais também têm um leque enorme de opções para incentivar a criança nesse momento tão importante. Na hora de ler, vá passando o dedo (o seu e o dela) nas palavras. Mas pode ir além, como ler jornais, revistas, fazer bilhetes, lista de supermercado. “Nada de transformar a casa em filial de sala de aula. Não se trata de brincar de criar geniozinhos, mas de dar as melhores condições para essa conquista”, diz Maria Betânia Ferreira.
Confira outras dicas:
- Leia em voz alta! Depois, peça para seu filho ler também.
- Peça ajuda para escrever a lista do supermercado. Vai demorar mais, mas ele vai adorar.
- Escreva bilhetes, espalhe pela casa, coloque na mochila.
- Na hora de dar um presente, invente uma caça ao tesouro, colocando palavras-chave que ele já conheça.
- Faça isso tudo ser muito divertido. Porque realmente é.

Lanche na escola: como montar uma lancheira saudável

Esqueça as guloseimas e refrigerantes


Lancheira saudável (Foto: Crescer)
O lanche oferecido pela escola é uma ajuda e tanto. Além de não precisar preparar a lancheira, você vai saber que seu filho não vai cair em tentação e comer o lanche do amigo (bem o daquele que levou salgadinho e refrigerante, sabe?). Mas, se a escola não tiver essa possibilidade, invista em refeições naturais e práticas. É legal também você e outros pais conversarem com a instituição para que a cantina não ofereça junk food. Eles precisam ajudar você nesse controle.
Na hora de embrulhar o lanche da criança, opte por plástico filme. As bebidas ficam ou na garrafa térmica ou compre as de caixinha longa vida. Tudo deve estar em uma lancheira térmica com bolsa de gelo dentro.
6 sugestões para montar a lancheira
1. Saudável Suco de laranja, sanduíche de peito de peru com requeijão no pão integral e uma ameixa.
2. Divertida Achocolatado, bolo de cenoura e bolinhas de melão.
3. Colorida Suco de goiaba, pão de milho com queijo branco e fatias de kiwi.
4. Alternativa Iogurte orgânico, barra de cereal de quinua orgânica e salada de frutas orgânicas, como mamão, morango, uva, laranja (suco também) e abacaxi.
5. Rápida Suco de morango (caixinha), pão sírio míni, com presunto e queijo prato, e uma banana.
6. Bem fresca Leite fermentado, bolo de coco gelado e mamão em cubinhos.
Lembre-se: para produzir menos lixo, a garrafa térmica e o copo plástico duro são boas opções. Se a escola não tiver um esquema de separação de lixo, ensine seu filho a guardar tudo para descartar de forma correta depois.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Educando para o futuro

Uma escola internacional em Bali constrói consciência ambiental em campus sustentável com “lições” para a vida toda

escola bali1 (Foto: Carolina Bergier/ Crescer)
Abrigando-se da chuva numa construção majestosa toda feita em bambu, dois meninos de 8 anos observam raios e trovões para calcular a distância da tempestade e em quanto tempo ela deve atingir a escola em que estudam. Conceitos nada básicos de ciências, matemática e física estão sendo abordados como se fosse uma conversa sobre o futebol do início da tarde.

A cena aconteceu na Green School, uma escola internacional em Bali, na Indonésia, onde estudam 270 crianças e adolescentes de 2 a 17 anos, vindos de 25 países. O currículo holístico entende a importância da conexão entre todas as matérias para construir uma liderança consciente de sua responsabilidade no planeta. Inaugurada em 2008 pelo canadense John Hardy, o principal objetivo está claro: “Quero formar os líderes da sustentabilidade”, diz.

A necessidade de construir uma escola como essa surgiu quando ele assistiu ao documentário Uma Verdade Inconveniente, do norte-americano e ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Al Gore, com dados sobre a urgência de atitudes ambientalistas consistentes. Hardy aproveitou o capital acumulado com uma bem-sucedida empresa de joias – com uma loja em Bali, o que o tornou um dos cinco homens mais influentes e ricos da região – para construir a escola, que precisou de um tempo até se tornar real.

Foi difícil concretizar o projeto inicial de Hardy: uma caixa amarela chamada de complexo administrativo. Para atingir o que ele tinha imaginado foi necessário fundar um laboratório de estudos arquitetônicos sobre o bambu, material disponível em larga escala na Ásia. “Não seria possível vivenciar a preservação ambiental sentado em pedaços de árvores da floresta”, completa Hardy. Com a fundação da PT Bambu, a Green School dava o primeiro passo para os muitos prêmios arquitetônicos conquistados.
Sem paredes, vários olhares
 construção principal, chamada Heart of School (Coração da Escola), é impressionante e reflete a ideologia aplicada. Sem paredes e inundada por luz natural, tem três andares, salas de aula e escritórios, com livre movimentação de pessoas e de ar. Quando chove, respingos são frequentes dentro, mas a parte de equipamentos eletrônicos fica no segundo andar e nunca é prejudicada, uma vez que o teto inclinado consegue fazer a proteção. Plantações orgânicas, uma enorme e proposital poça de lama, um parquinho feito de cordas e pneus antigos e um grande quartzo brasileiro dividem espaço com uma volumosa biblioteca, uma bem equipada sala de computação e a melhor rede de internet sem fio da ilha, liberada a todos.
Projeto pedagógico verdeO campus é uma metáfora para o projeto pedagógico. A ausência de paredes, segundo o diretor Chris Thompson, representa a mente aberta de todos ali. “Menos paredes entre nós para entendermos o ponto de vista do outro”, informa, e continua: “As crianças aqui veem novas possibilidades, entendem que o mundo não precisa ser construído como todos dizem que deve ser. Elas aprendem a pensar fora da caixa”.
Desenvolvido por um consultor em educação holística internacional, o inglês Alan Wagstaff, o currículo é baseado no intitulado Green Studies (Estudos Verdes), e todas as aulas são dadas em inglês (a não ser as de outros idiomas especificamente, como a bahasa bali, a língua local). As disciplinas tradicionais, certificadas pela Universidade de Cambridge, são abordadas por um viés sustentável, utilizando o amplo espaço físico como um aliado. Além dessas matérias, há aulas de marimba (instrumento africano), cultura balinesa e dança. Contudo, o programa educacional não é centrado no assunto em si, mas no aluno. Se existe demanda de uma aula específica, professores se organizarão para oferecê-la, como foi o caso do coro formado por alunos de 7 a 15 anos. Esses professores, aliás, vêm de vários cantos do mundo também: australianos, ingleses, norte-americanos, israelenses e canadenses estão por lá.
escola bali2 (Foto: Carolina Bergier/ Crescer)
Para a professora do pré-escolar, a holandesa Heleen McMullan, ensinar sustentabilidade a crianças de 4 anos é uma experiência poderosa: “Outro dia, durante uma tempestade, elas não conseguiam ouvir nada que eu dizia. Parei a aula e aproveitamos para aguçar nossos sentidos, percebendo as nuances da chuva. Depois que a barulheira passou, exploramos as poças lá fora, vendo o que flutuava e o que boiava, fazendo corridas de barcos-folha. Foi uma ótima maneira de introduzir matemática e ciências”. A educação para os alunos de até 6 anos é totalmente experiencial. Plantar, colher, compostar (técnica de controle da decomposição de materiais orgânicos com a finalidade de obter um material rico em húmus e nutrientes) e observar girinos se transformando em sapos são atividades que constroem um entendimento valioso do ciclo da vida.

Alan Wagstaff volta agora para a escola depois de três anos afastado, dessa vez não como consultor, mas como diretor pedagógico. Sua missão é unificar o currículo. Será um desafio para uma escola pioneira que, em vez de passar informação e perguntar se decoraram, estimula o pensamento crítico e analítico, tudo em uma carga horária que vai das 8 às 15 horas. Sim, há provas como em outras escolas, mas qualquer assunto é sempre abordado sob várias perspectivas. Para Chris, essa prática é uma resposta a uma sociedade que “faz as crianças acreditarem que, quando acabar os estudos, arrumar um emprego e tiver filhos, serão felizes. Depois de todas essas etapas, percebem que não o são e precisam mudar. Por que não estimulá-los a descobrir sua paixão e seu talento e apoiar suas decisões para que se tornem os melhores no que serão felizes fazendo? Instigamos as crianças a buscarem as respostas dentro de si”.
Por uma educação diferente
Esse ideal faz muitas famílias se mudarem para Bali. A fotógrafa brasileira Carol da Riva viu na proposta da escola a peça-chave para tomar a decisão final de se mudar para lá. Ela sentiu o coração bater mais forte na ilha há 15 anos. A ideia de voltar não saiu de sua cabeça. Em 2011, já com um filho de 7 anos, encontrou na internet a Green School tudo o que buscava para ele: “Educação de qualidade, vivência multicultural e experiência efetiva de sustentabilidade”, afirma Carol, que depois de oito meses no local percebe mudanças no comportamento de seu filho: “Tiago era fanático por videogame, mas aqui ele tem inúmeras possibilidades de brincadeiras fora de casa e o brinquedo fica guardado”. Carol percebeu também que ele passou a respeitar as pessoas de uma maneira “mais bonita”, segundo ela. “Ele olha para o outro como um ser humano e considera a opinião alheia”, diz, que há quatro meses ganhou sua filha mais nova, que veio ao mundo em casa, nas mãos da parteira australiana Lianne Schwartz, com filhas de 5 e 15 anos na escola.

Lianne conta que acompanhou a distância o crescimento da Green School desde sua fundação e decidiu se mudar para Bali, há seis meses, quando uma vaga de professor abriu para seu marido. “Eu amo a energia dinâmica dos professores, equipe, pais e alunos. Todos estão lá por querer algo diferente. Estão à procura de crescimento e expansão.” Sobre morar em Bali, ela afirma: “Adoro tudo nessa ilha, mas sinto falta de ter acesso fácil a tudo, de alimentos e sutiãs a bons hospitais”. Definitivamente, a modernidade não chegou lá.
escola bali3 (Foto: Carolina Bergier/ Crescer)
Bali tem natureza intocada, templos hindus de tirar o fôlego e uma forte comunidade de expatriados, o que é importante para dar a sensação de pertencimento às pessoas de fora, ainda mais quando a cultura é tão diferente quanto numa ilha hindu, em meio a um arquipélago muçulmano. Por outro lado, hospitais de qualidade, transporte público e cinemas são itens raros. Ou seja, uma família que decide se mudar para lá não tem problemas em abdicar das facilidades de uma cidade moderna e busca uma maneira alternativa de vida.

A mensalidade é de US$ 1 mil (fora lanche, almoço e material escolar). Cinco por cento dos alunos são balineses e recebem bolsa integral, mas para famílias vindas de países com educação pública de qualidade (em sua maioria, australianos), esse valor é motivo de reclamações. Carol, contudo, não se queixa, já que a mensalidade das escolas brasileiras de período integral é mais alta. E assume que existem planos de permanecer por lá: “Para a experiência ser válida para o Tiago, ficaremos no mínimo até dezembro, embora eu não queira voltar ao Brasil simplesmente porque não desejo sair da Green School”.

John Hardy tem certeza que o conceito da Green School pode funcionar em qualquer lugar. Ele espera que seu projeto seja o primeiro de muitos ao redor do mundo. “Não queremos apenas uma Green School, queremos 50!”

domingo, 9 de novembro de 2014

5 lições que as crianças aprendem com os professores, além do conteúdo da lousa

Cidadania e respeito ao próximo estão entre os ensinamentos que elas levarão para a vida adulta. No Dia do Professor, descubra a participação dos educadores na formação do seu filho

Escola (Foto: Thinkstock)
O que você aprendeu na escola? Mais do que fórmulas matemáticas, regras de sintaxe ou leis da física, você deve ter levado para a vida muitos dos valores ensinados onde estudava. É na escola que a criança desenvolve as noções de coletividade, com o convívio com outras crianças. Pode ser na brincadeira, na hora do recreio, na lição ou na fila do bebedouro. E quem sempre está presente, estimulando esse aprendizado, mediando conflitos e tirando dúvidas, é o professor. Nesse 15 de outubro, perguntamos a educadores: o que vocês ensinam para os alunos, além do conteúdo pedagógico? Confira a resposta de alguns deles

Aprender a se relacionar

“Quando vejo que as crianças estão brigando, explico que é preciso amar ao próximo, tratar todo mundo com respeito. E nós, professores, ensinamos de verdade quando damos o exemplo. Só converso com os alunos usando as famosas palavras mágicas, como ‘por favor’ e ‘obrigada’ – espero que eles tratem os amigos da mesma forma.”

Helena Ângulo, professora de Geografia na Escola Estadual Armando Sestini (SP)
Saber ouvir
“A sala é uma reprodução da sociedade. No dia a dia, todos precisam saber escutar as outras pessoas. Percebo isso quando os alunos apresentam trabalhos: alguns ficam conversando enquanto os colegas estão explicando uma matéria. Mostro que é legal fazer silêncio para ouvir e ser ouvido. Tento mediar para que haja respeito.”
Izildinha Sobreiro, professora de espanhol na Escola Castanheiras (SP)
Ser tolerante

“Os pais, atualmente, nos veem como amigos e orientadores. Não só como quem precisa passar o conteúdo na lousa. Por isso, tento valorizar as atividades coletivas: jogos lúdicos, músicas e textos são recursos que podem ensinar a tolerância. As crianças precisam aceitar a dificuldade dos colegas e as próprias limitações. Nessas atividades mais dinâmicas, ainda ajudamos a transmitir cultura para elas.”

Patrícia Duarte, professora de Educação Infantil na EMEI Nini Duarte (SP)
Tomar decisões

“Quando ensino xadrez ou jogos de tabuleiro, estimulo que as crianças tenham autocontrole: esperem pela vez delas e façam escolhas. Ao elaborar uma estratégia na brincadeira, tomam decisões e planejam as próximas jogadas. Se  perdem a partida, lidam com a frustração e aprendem que é necessário saber lidar com o erro. Espero que levem isso para a vida.”

Sandra Guidi, professora de xadrez na Escola Stance Dual (SP)
Estimular a descoberta

“É nosso dever transmitir valores como responsabilidade social, cidadania e direitos humanos. Por vivência e estudos do meio, por exemplo, tento fazer com que tenham contato com o mundo. Para conhecerem o diferente, proponho debates, leitura de textos, passeios. Quero preparar meus alunos para resolverem problemas sempre respeitando o próximo.”

Lei proíbe produtos de limpeza e higiene na lista de material escolar

A mudança impede que todos os itens coletivos, como papel sulfite, sejam exigidos pelas escolas.


material_escolar (Foto: shutterstock)
Copo descartável, papel higiênico, sabonetes, papel sulfite (em grandes quantidades), produtos de limpeza e outros itens de uso coletivo não poderão mais ser pedidos na lista de material escolar, de acordo com a Lei Federal (12.886/13), que entrou em vigor em há pouco mais de um mês.

“Será nula cláusula contratual que obrigue o contratante ao pagamento adicional ou fornecimento de qualquer material escolar de uso coletivo dos estudantes ou da instituição, devendo os custos correspondentes ser sempre considerados nos cálculos do valor das anuidades ou das semestralidades escolares”, diz o parágrafo 7 da Lei sancionada em 26 de novembro de 2013.

A resolução é, na verdade, um acréscimo ao primeiro parágrafo da lei sancionada em 1999, que trata da contração do valor da mensalidade no ato da matrícula ou renovação.

A nova lei veio para defender os pais contra os abusos cometidos por algumas instituições de ensino. Se você se deparar com alguns desses itens na lista de material do seu filho, faça uma reclamação à direção da escola. Caso a instituição se recuse a mudar a lista, os órgãos de defesa ao consumidor devem ser imediatamente acionados.

12 dicas para passar pela adaptação sem traumas

O período da adaptação escolar nem sempre é fácil e, muitas vezes, você sofre mais do que o seu filho

adaptacao_volta_aulas_620x452 (Foto: Rafael Dabul / Editora Globo)
Se o seu filho vai passar por adaptação escolar, seja pela primeira vez ou em uma nova instituição, quanto antes trabalhar isso, melhor – para ele e para você. Afinal, não dá para negar que é um momento delicado para toda a família. A criança, de repente, se vê no meio de pessoas estranhas e novas regras com as quais precisa conviver e os pais mal conseguem conter o pavor de imaginar seu “tesouro” sendo entregue aos cuidados dos educadores. A fase da preparação você já passou: pesquisou bastante, visitou diversas instituições e está seguro de sua escolha. No entanto, agora chegou a hora pra valer! Veja a seguir doze dicas para você e seu filho lidarem com a adaptação da melhor maneira possível. 

A PRIMEIRA VEZ
1) Um pedacinho de casa

Primeiro dia no berçário. Não dá para dizer que, porque seu filho não fala, a adaptação será mais fácil. Até completar 9 meses, o bebê guarda as informações na mente por meio de registros emocionais – e uma experiência que não seja tranquila pode fazer com que ele tema a escola por muito tempo. Para evitar problemas, você precisa estar disponível para passar essa fase ao lado dele.

Levar itens que tenham o cheiro do quarto dele, por exemplo, também vai confortá-lo: pode ser a naninha ou o brinquedo do berço. Só não se esqueça de manter atenção especial ao comportamento do seu filho. Como ele não fala, você precisa perceber se está se alimentando e dormindo bem, brincando normalmente ou se está com doenças respiratórias. Esses são indicadores de que algo não vai bem. Caso isso aconteça, visite a escola para ver se estão mantendo a rotina e converse com a coordenação.
2) Envolva seu filho

Para a criança que precisará encarar a rotina de aulas pela primeira vez, uma boa maneira de introduzir o assunto é dizer que ela está crescendo e que, por isso, precisa de um espaço para brincar com outras crianças e aprender coisas novas. Levá-la para comprar os materiais escolares ajuda a prepará-la de uma forma estimulante. Para não ficar caro, dê oportunidades de escolha, como “este ou aquele lápis?” ou “qual mochila entre essas três é a melhor?”.

É preciso, porém, sensibilidade para perceber se essa participação está se transformando em ansiedade. Evite tocar muito no assunto e perguntar se ele já está preparado muito antes da hora. Se possível, leve-o para conhecer o colégio quando estiver mais perto do primeiro dia de aula.

3) Se prometer, cumpra

A semana de adaptação das crianças que nunca foram à escola é muito parecida na maioria delas. Os pais levam seus filhos por pequenos períodos de tempo, que ficam maiores conforme eles vão se acostumando com a ideia de estarem longe da família. Durante esse processo, é fundamental que a criança se sinta segura e perceba que está no meio de pessoas dignas de sua confiança. Mentir ou sair de fininho pode dificultar as coisas. Se você disser que estará esperando no pátio, faça exatamente isso. Os pais que não podem se ausentar do trabalho devem explicar ao chefe que estão passando por um momento delicado e pode ser que precisem sair às pressas em uma emergência.
4) Mantenha o equilíbrio entre aconchego e firmeza

Prepare-se, porque as primeiras semanas de adaptação deixarão a criança mais sensível. A mudança traz insegurança, medo, frustração, irritação, muitas vezes traduzidos pelo choro. Embora seja difícil ver tudo isso acontecer, pense que aprender a lidar com essas emoções é uma etapa importante do desenvolvimento. Blindar seu filho disso só o deixará frágil. Quando o choro aparecer, o melhor é reforçar que a escola é importante, que você sabe que ele está sofrendo, mas acredita que ele vai conseguir superar. É difícil para a criança e para você, mas é necessário firmeza. Sem esquecer que ela precisará muito do seu colo e da sua paciência. Afinal, momentos de separação nunca são fáceis. Foi isso que ajudou a assistente comercial Hanã Carreiro, 25 anos, quando a filha Izabelly, 3, foi para a escola pela primeira vez. Ela tinha 1 ano e meio e chorava muito, mesmo na semana de adaptação, com a mãe junto. Hanã chegou a levá-la dia sim, dia não para ver se a filha se acostumava aos poucos. Mas o que funcionou mesmo foi ter muita paciência e conversar com ela todos os dias, valorizando a escola. “No dia anterior sempre conversava e explicava que o papai ia buscá-la no fim da aula. Também procurei mostrar que ir para a escola era legal, com brincadeiras e novos amigos”, lembra.
5) Rotina adaptada

Ao começar a vida escolar, o dia a dia da criança muda completamente. Por isso, alguns ajustes podem ser necessários para que ela se adapte de forma mais tranquila. Quando a auxiliar de cabeleireiro Cintia Santos de Souza, 27 anos, colocou o filho Luiz Paulo, 3, na escola, passou por dias difíceis. Na época com 2 anos, o menino chorava a ponto de se jogar no chão toda vez que chegava lá, não aceitava ficar na sala e não comia.

Então, a professora ligou para Cintia e propôs uma mudança na rotina de Luiz, pois ele dormia e acordava tarde, ficando sem tempo para ir com calma para a escola. A mãe começou a fazer atividades com ele de manhã, depois, era hora de uma soneca, banho, almoço e, então, a ida para o colégio. “No primeiro dia que fiz isso ele já não chorou tanto e, quando cheguei pra buscá-lo, a professora disse que ele era outra criança. Depois de uma semana, não chorava nem chamava por mim”, lembra.

MUDANÇA DE ESCOLA
6) Mundo novo

Se o seu filho entrou com poucos meses no berçário, a mudança de colégio é como se fosse a primeira vez. Nesse caso, siga também todas as dicas dadas anteriormente. Para aquelas crianças que já estão adaptadas ao ambiente escolar, mas vão enfrentar uma “mudança de ares”, o processo costuma ser mais simples, mas isso não quer dizer que elas não precisem de atenção. A separação dos amigos, dos professores e até da sala de aula antiga costuma ser dolorosa e a integração a um novo grupo, muitas vezes já formado, é um desafio. Nesse caso, mais do que disponibilidade física, seu filho precisará de ajuda emocional.

Deixe claro para ele que o contato com os amigos antigos pode ser mantido. E ressalte, de forma positiva, que ele está tendo a oportunidade de ampliar sua rede de amizades e aprender coisas novas. Não se esqueça de perguntar como foi o dia na escola nova e o que você pode fazer para ajudá-lo a se integrar melhor.
7) Este é meu filho!

A adaptação com os professores também é fundamental, principalmente para que eles conheçam detalhes de saúde e comportamento do seu filho que só você pode contar, como o que ele tem mais resistência para comer, quais são seus medos e dificuldades.

Também é interessante pensar em formas de seu filho se apresentar aos colegas para facilitar o entrosamento, como aconteceu com Júlia Gravinan, 3 anos, que é muito tímida. Quando a família precisou mudar de Belém (PA) para São Paulo, a maior preocupação era a dificuldade de relacionamento que ela teria. Então, escola e mãe se uniram. Na primeira semana de aula, Júlia levou uma muda de açaí para que as outras crianças conhecessem algo típico da região de onde veio. Além disso, para que perdesse a timidez nas rodas de conversa, a família foi orientada a guardar lembranças do fim de semana para que Júlia pudesse compartilhar com os amigos. “Se íamos ao cinema, ela levava o ingresso para contar sobre o filme. Se viajávamos para a praia, levava uma conchinha. Em pouco tempo, estava mais falante”, relembra a mãe, a publicitária Roberta Gravinan, 35 anos.
8) Como vai ser?

Você pode contar para a criança o que ela vai encontrar lá na frente. Explique o que aprenderá durante o ano e, se possível, antecipe a turma com que seu filho vai conviver, apresentando alguns alunos antes mesmo de as aulas começarem – converse com a escola e proponha que ela ajude. Foi o que aconteceu com Lucas, 3 anos. Três meses antes de mudar de Chapecó (SC) para Botucatu (SP), a professora teve uma ótima ideia, como conta o pai Marcos Panhoza, 36. “O colégio de Chapecó fez uma aula só sobre Botucatu, mostrando para os alunos tudo o que a cidade tinha de interessante. Também pediram que a escola nova mandasse uma foto daquela que seria a nova sala do Lucas.” Assim, o menino já chegou mais enturmado e a adaptação ocorreu de forma tranquila.

A SUA PREPARAÇÃO
9) Não deixe a tristeza pegar você de surpresa

Talvez você sinta a dor da separação mais do que seu filho e isso vai causar tristeza. Por isso, esteja preparado para lidar com esse sentimento ou, pelo menos, aceitá-lo, como fez a advogada Priscila Westphal, 31 anos. Quando levou José Augusto, 2, à escola pela primeira vez, não se conteve na hora em que precisou deixá-lo chorando com a professora. “Desmoronei. Fui para a recepção e veio tanta culpa e dor que meu choro se tornou compulsivo.”

Foi só quando a professora disse que o menino se acalmou no instante em que a mãe virou as costas que ela parou para refletir: “Como assim ele está bem sem mim? Passei dois anos achando que era imprescindível na vida dele. Depois lembrei que estou criando um filho para o mundo e ‘para o mundo’ é, muitas vezes, longe de mim. É a escola da vida, né? Deixar ir e aproveitar o voltar!”, opina Priscila.

Por mais que você se prepare, talvez não esteja pronto quando chegar o momento. Mas vale tentar: antes do começo das aulas, deixe seu filho brincar com outras pessoas ou, se possível, leve-o para a casa da avó ou da tia e vá fazer algo de que goste. Assim, vocês dois vão treinando ficar longe um do outro.
10) Segurança na chegada

Despedir-se do filho na entrada da escola é um dos momentos mais difíceis na vida de uma mãe ou um pai. Se o filho vai para o berçário com poucos meses, a aflição é por deixar alguém tão pequeno e indefeso nos braços de um “estranho”. Se a criança já é um pouco maior, pode ser difícil por estar mais acostumada a ficar em casa ou porque parte o coração dos pais ouvir: “Não quero ir pra escola, quero ficar com você”. Sabemos que é uma missão difícil, mas, nessa hora, estufe o peito, não deixe que ela perceba a sua angústia e estimule que se sinta confiante e independente.

Caso o seu filho ainda não ande, passe-o para o colo da professora com um beijo, mas sem muita enrolação, pois o bebê também sente a sua insegurança. Se ele já for maior, incentive-o a entrar na escola caminhando e levando a própria mochila. Agora, se é você que não consegue se controlar na hora do adeus, considere pedir para que outra pessoa leve seu filho para a escola durante alguns dias. Com o tempo, você estará mais tranquilo e poderá assumir a função outra vez.
11) Procure distrações

Será que ele está bem? Está comendo direito? A professora vai ajudá-lo quando ele precisar? Passar o dia pensando nessas questões só vai deixá-lo com rugas de preocupação. Por isso, procure manter a cabeça ocupada no período em que ficará sozinho. Que tal aproveitar para marcar um almoço com aquele amigo que você não vê faz tempo? Se estiver difícil de lidar com a angústia, procure conversar com outros pais que já passaram por isso. Eles podem transmitir conforto.
12) Faça parte da turma

Não é somente o seu filho que precisará passar por adaptação. Você também terá uma fase de integração com os novos pais e professores – e é importante estabelecer esse vínculo logo no início. Participe das atividades propostas pelo colégio, procure ir aos eventos sociais, como aniversários dos colegas, organize com outros pais piqueniques ou passeios, como uma ida ao teatro. Lidar com as diferenças e ressaltar a importância do convívio social são boas maneiras de dar o exemplo. E estabelecer esse contato é uma forma de incentivá-lo ainda mais a se abrir para novas amizades.